Violência

'Tiraram a vida de um inocente', diz irmã de vendedor morto no Rio

Familiares disseram que jovem foi baleado quando fazia um lanche

Familiares estiveram na manhã desta terça-feira (13) no IML, no Centro do Rio
Familiares estiveram na manhã desta terça-feira (13) no IML, no Centro do Rio |  Foto: Marcelo Tavares
  

Familiares do vendedor Vanderson Gomes, de 20 anos, foram até o Instituto Médico Legal (IML) no Centro do Rio, na manhã desta terça-feira (13) para liberar o corpo do jovem que foi morto a tiros durante uma ação policial na comunidade Beira Rio, na Pavuna, nesta segunda-feira (12).

Segundo familiares, o vendedor, que comercializava doces desde os 9 anos de idade, estava lanchando no momento em que foi baleado.

"Os policiais chegaram atirando, fazendo covardia como sempre com os moradores, quem mora dentro da favela não é bandido, nós moramos dentro da favela porque não temos condições de morar em outro lugar. Nós moramos em um estado onde matam pessoas e fica impune, ninguém faz nada. Nós queremos Justiça para meu irmão. Ele estava lanchando antes de ser morto", disse Beatriz Gomes Furtado, irmã do vendedor, que elatou ainda que no momento em que o irmão foi baleado havia crianças retornando da escola na região. 

Irmã do jovem negou a versão da PM sobre envolvimento do jovem com o tráfico na região
Irmã do jovem negou a versão da PM sobre envolvimento do jovem com o tráfico na região |  Foto: Marcelo Tavares
     
Morador de comunidade tem família, isso tem que acabar. A família não tem nem condições de fazer o sepultamento dele, estamos pedindo ajuda para fazer o sepultamento. Isso não vai ficar assim, nós vamos correr atrás Beatriz Gomes Furtado, irmã
  

Ainda segundo familiares, o jovem nunca se envolveu com a criminalidade. Outra tia do rapaz classificou a morte de Vanderson como brutal. 

"Nós precisamos ter voz. O meu  sobrinho não era criminoso, ele vivia vendendo doces. Ele era um garoto como qualquer um, brincava, se divertia. Tiraram a vida dele de uma forma completamente desnecessária, foi brutalmente", disse Daiana Azzor, tia de Vanderson. 

Leia+: Manifestação paralisa trânsito em rodovia na Zona Norte; veja vídeo

Apesar da Polícia Militar ter divulgado nota informando que o rapaz baleado na comunidade estava com uma arma, os familiares contestam a versão da PM.

"É mentira, isso é revoltante. Eles tiraram a vida de um inocente, destruíram uma família e estão tentando denegrir a imagem do meu sobrinho, mas a família não vai permitir isso', disse Daiana.

Uma professora que deu aula pro jovem relatou, através das rede sociais, as qualidades do rapaz. 

"Você, meu garoto alegre, educado,  brincalhão, sempre pronto a conversar, fazer amigos. Teve uma vida de sacrifícios, mas nunca foi motivo para que se revoltasse e fosse levado para caminhos errados. Você era puro, como seus colegas já falaram. Nós gostávamos muito de você. Você foi tirado de nós de forma tão desumana que fica difícil aceitar. Você vai deixar muitos amigos e sua família muito tristes. Peço a Deus que o receba com carinho e nos dê forças para superar essa perda", publicou. 

Protesto

Após o jovem ter sido baleado, um grupo de manifestantes paralisou o trânsito na Rodovia Presidente Dutra (BR-116), na altura do bairro Jardim América, na Zona Norte do Rio, sentido São João de Meriti, na noite desta segunda-feira (12).

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 50 a 60 manifestantes fizeram com que as pistas fossem interditadas na altura do km 163 da rodovia. Ainda segundo a corporação, as pessoas atearam fogo em objetos que foram jogados na via.

Moradores protestaram pela morte do jovem na manhã desta terça (13)
Moradores protestaram pela morte do jovem na manhã desta terça (13) |  Foto: PRF
  

Uma nova manifestação também foi realizada no mesmo trecho na manhã desta terça-feira (13). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a pista lateral da Presidente Dutra ficou fechada, no sentido São Paulo, na altura do bairro de Irajá.

Houve reflexos na Av. Brasil, na altura do Trevo das Margaridas. A via foi desobstruída por volta das 10h por policiais militares e agentes da PRF. 

Polícia 

Procurada, a Polícia Militar informou que equipes do 41º BPM (Irajá) realizavam policiamento pela Av. Cel. Phidias Távora, na Pavuna, quando criminosos armados atiraram contra os policiais. Houve confronto e um suspeito foi atingido, sendo socorrido ao Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Com ele, foi apreendida uma pistola calibre 40, dez munições e drogas.

< Luva de Pedreiro anuncia fim de carreira: 'Viver a vida normal' Empresário expõe situação delicada de Anitta com o Rock in Rio <